Vacinas são mesmo perigosas para você?

Ninguém gosta muito de tomar vacina,

o problema não é só a agulha – toda essa conversa de que vacinas fazem mal acaba deixando as pessoas desconfortáveis e com medo de arriscar. Mas a percepção humana do que é arriscado nem sempre tá certa. Nós costumamos menosprezar os riscos que corremos diariamente e nos preocupamos demais com aqueles que provavelmente nunca irão acontecer. Para você ter uma ideia, 9% dos norte-americanos têm medo de zumbis, que nem sequer existem. Então não é difícil imaginar como todo esse papo assustador sobre as vacinas pode ser paralisante. Mas, na realidade, os riscos decorrentes da vacinação são muito pequenos. Na verdade, como as vacinas são medidas preventivas aplicadas em pessoas saudáveis, elas são projetadas para serem mais seguras e ter menos efeitos colaterais do que tratamentos como a medicação ou cirurgia, que os médicos só utilizam quando alguém já está doente. Após a quimioterapia, por exemplo, reações desagradáveis são esperadas. E um em cada dois homens que usam Viagra sofrem de algum efeito colateral.

No entanto, o efeito colateral mais comum da vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola, que é uma febre baixa e inofensiva, ocorre em uma a cada seis pessoas apenas. Menos de uma em 20 sofrem uma irritação na pele. E reações mais sérias são ainda mais raras: menos de uma em milhões de pessoas sofrem de uma reação alérgica grave. Pra falar a verdade, durante toda a sua vida, você tem três vezes mais chances de ser morto por fogos de artifício descontrolados e 80 vezes mais chances de ser atingido por um raio do que ter uma reação grave à vacina da tríplice viral.

Então quando a Organização Mundial de Saúde, a Campanha de Vacinação ou o seu médico falar que uma vacina é segura, eles não estão dizendo que ela jamais terá alguma reação adversa; eles querem dizer que os riscos de isso acontecer são incrivelmente menores quando comparados aos benefícios que elas podem trazer. E as vacinas são extremamente benéficas – a picada contra a tríplice viral, meningite e catapora reduzem o risco de adoecer em pelo menos 85%. Além do mais, a vacinação de pessoas saudáveis previne que germes desagradáveis perambulem por aí infectando aqueles que são muito jovens ou doentes para serem vacinados. No geral, as vacinas reduziram o número de casos de coqueluche nos Estados Unidos em 97.5%, a incidência mundial de poliomielite em mais de 99% e erradicou a varíola. Mas esse sucesso também tem seu próprio efeito colateral: como cada vez menos pessoas sofrem dos efeitos dessas doenças desagradáveis, fica mais fácil focar nos riscos das vacinas do que reconhecer seus benefícios.

Mas nada como o aparecimento de uma doença para ajudar a colocar as coisas em perspectiva. Após um surto de sarampo se espalhar por 27 estados norte-americanos entre 2014 e 2015, esse pensamento de que vacinas fazem mal mudou rapidamente: em todo o país, mais de um terço dos norte-americanos afirmaram que agora enxergam a vacinação com outros olhos.

E em locais onde a doença pegou pesado, o comportamento das pessoas mudou ainda mais: no condado de Clallam, em Washington, a taxa de vacinação quadruplicou! Qualquer aumento na taxa de vacinação é ótimo pra quem passa a ter essa proteção, seja diretamente ou através da imunidade de grupo, mas isso não ajuda as pessoas que já estão doentes. Então é melhor aprender, antes de ficar doente, sobre como os riscos da vacinação são pequenos quando comparados aos riscos das doenças. Porque são esses caras, e não agulha, com quem você deve realmente se preocupar..