Depressão

Todo mundo já se sentiu ou irá se sentir triste em algum momento da sua vida. Afinal, coisas ruins acontecem nas nossas vidas e ao redor do mundo. Mas e quando a tristeza não passa de jeito nenhum e nos atrapalha a viver nossas rotinas? A depressão é considerada um dos transtornos mentais mais comuns e incapacitantes no mundo. Mais de 350 milhões de pessoas convivem com a depressão em suas vidas.

Chamamos de transtorno depressivo maior a condição na qual uma pessoa sente um constante humor negativo, uma visão muito negativa de si e uma perda de interesse por coisas que antes geravam prazer.                                                  A pessoa se sente assim na maior parte do tempo e durante muitas semanas, meses e até por mais tempo, e essa é uma das principais diferenças entre ter depressão e sentir tristeza, que é algo mais passageiro. Pessoas com depressão pensam diferente de pessoas sem depressão.

É comum que elas apresentem pensamentos negativos e de desesperança que refletem como elas veem o mundo a sua volta. Esses pensamentos surgem a partir de crenças negativas comuns entre pessoas com depressão sobre si mesmo, as situações e o futuro. Já falamos antes sobre o viés de confirmação e o raciocínio motivado. No caso de pessoas com depressão, esses vieses tem um papel importante, pois essas pessoas prestam mais atenção e dão mais importância a informações que apoiam as suas crenças negativas enquanto ignoram ou desvalorizam a importância de informações contraditórias com essas crenças.

Isso tende a fortalecer as crenças negativas da pessoa ao longo do tempo e tornar os sintomas mais severos. Nos focamos até agora no nível de análise psicológico da depressão. Levando em conta o nível de análise biológico, também sabemos que hormônios liberados durante situações de grande estresse podem alterar o funcionamento dos neurônios, especialmente se essas situações ocorrerem em determinados períodos da infância e de maneira prolongada, e isso pode estar relacionado a uma maior propensão de desenvolver depressão.

Pesquisas indicam que o hipocampo, uma região do cérebro envolvida no funcionamento da memória, pode ser danificado a partir da liberação contínua desses hormônios, e isso pode levar a uma mudança até mesmo anatômica nessa região do cérebro que predispõe tais pessoas à depressão. Pessoas com depressão podem se sentir tão impotentes, apáticas e desesperançosas com suas vidas que as suas relações com os outros e as suas atividades cotidianas podem ser extremamente compromissadas, levando a uma maior propensão a se isolar socialmente e a realizar tentativas de suicídio. Nesse sentido, a depressão é uma condição que afeta não apenas as pessoas vivenciando o sofrimento, mas todo o contexto no qual ela vive e a própria economia do país, já que, por exemplo, uma das maiores causas de afastamento do trabalho é a depressão.

Apesar do conhecimento sobre depressão que possuímos atualmente e como essa condição pode ser perigosa, ela ainda não é levada a sério por muita gente. Muitos pensam que se trata de algo controlável, passageiro ou nada sério demais. A depressão não costuma estar sob controle consciente da pessoa e pode prejudicar seriamente a vida dela.

Sem ajuda profissional, pode ser extremamente difícil lidar com essa condição. A prevalência tão grande da depressão no mundo não se explica mais pela ausência de conhecimento sobre o fenômeno ou pela falta de alternativas para o tratamento. Já existem atualmente vários tratamentos com altos níveis de eficácia. Essa alta prevalência parece se relacionar com noções difundidas e ultrapassadas sobre o quão grave pode ser a depressão e também o receio que muitas pessoas ainda têm de recorrer a um profissional para buscar ajuda.

Dicas que podem ajudar pessoas com depressão.

Primeira dica:

Deixar o preconceito de lado e procurar um profissional qualificado que possa te ajudar. Isso pode fazer toda a diferença.

Segunda dica:

Tentar se envolver propositalmente em atividades físicas e sociais, tais como práticas esportivas e encontros com amigos. O envolvimento regular com essas atividades pode ter vários efeitos benéficos e reduzir os sintomas.

Terceira dica:

Tentar prestar atenção e anotar os pensamentos que surgem na sua cabeça logo antes de você começar a se sentir mal e durante os momentos de maior tristeza.

Se tornar consciente desses pensamentos e imagens que passam na sua cabeça é o primeiro passo para poder questioná-los depois e verificar se eles são realistas. Questionar esses pensamentos pode ajudar a flexibilizar crenças rígidas e diminuir os sintomas da depressão. Nem sempre fazer essas coisas é fácil, e o uso de medicação pode ser necessário para reduzir os sintomas a níveis que permitam a pessoa realizar esse tipo de atividade mais facilmente.

Depressão pode ser algo sério, pode matar, e também pode ser tratada.

Se mais pessoas soubessem disso, quantas vidas não poderiam ser poupadas de um enorme sofrimento e até mesmo de uma morte prematura? Curta e compartilhe.